quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A pobreza entre os trabalhadores

Um correcto entendimento acerca das causas da pobreza é condição necessária para definir as políticas destinadas a combatê-la eficazmente.

A percepção que as sociedades têm acerca desta questão reflecte, muitas vezes, os seus preconceitos: é entre nós a ideia de que entrar no mercado de trabalho, «arranjar» um emprego, ou, mais recentemente, «criar o seu próprio emprego», permite, por si só, sair da pobreza. Pobreza e preguiça aparecem na opinião pública – com demasiada frequência – associadas. É o que demonstram inquéritos à opinião pública efectuados na União Europeia (Eurobarómetro 2006).

No entanto, a recente publicação de um estudo efectuado por uma equipa de investigadores do CESIS-Centro de Estudos para a Intervenção Social (Alfredo Bruto da Costa, coord., Isabel Baptista, Pedro Perista e Paula Carrilho - Ed. Gradiva, 2008) oferece-nos um quadro bem diferente e esclarecedor acerca da composição da população pobre.

Partindo de dados estatísticos de 2004, complementados com um Inquérito Directo do INE aos agregados pobres, lançado em 2006, constata-se que a esmagadora maioria dos pobres (80%) trabalha efectivamente. Encontram-se aí os trabalhadores, por conta de outrem ou por conta própria, os reformados e os/as domésticos/as.
(...) Confirma-se assim que a pobreza em Portugal atinge fortemente a sua população trabalhadora, já que nem todo o trabalho assegura as condições mínimas de uma certa independência económica.

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